A ingestão de nutrientes influencia no desenvolvimento da catarata?

Data

A catarata senil é uma das principais causas de cegueira no mundo, afetando cerca de 20 milhões de pessoas. A prevalência aumenta de 2,9% dos 43-54 anos para 40% em maiores de 75 anos. Além da idade, outros fatores associados com a catarata nuclear (a catarata senil mais comum) são tabagismo, estresse oxidativo e a ingestão de antioxidantes na dieta.

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Sobre relação entre catarata e dieta

Estudos dos efeitos da ingestão de vitamina C, concentração sérica de vitamina C e suplementação de vitamina C na formação da catarata nuclear ainda têm resultados conflitantes. Estudos de caso controle e alguns estudos de coorte encontraram efeitos protetores. Outros não encontraram efeito positivo.

A dieta e suplementação de vitamina E e a concentração sérica de vitamina E também foram inversamente relacionadas à catarata nuclear. Clinical trials que falam sobre a suplementação de vitamica C e E sozinhos ou em combinação também falharam em encontrar um efeito.

A vitamina A foi associada a um risco reduzido de catarata nuclear, assim como a luteína e a zeaxantina. Junto com os fatores epidemiológicos, os fatores genéticos também tem um papel na formação da catarata. Um artigo publicado na Ophthalmology tentou estabelecer a importância relativa dos genes na progressão da catarata nuclear e examinar como a ingestão de micronutrientes e suplementos associada a catarata nuclear afetam a evolução da mesma ao longo de uma década.

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Acompanhamento

A catarata nuclear foi diagnosticada no primeiro exame em 2.515 gêmeas brancas de 50 a 83 anos. Todas responderam questionários de alimentação no primeiro exame e a cada 2 anos. A catarata nuclear foi medida de forma quantitativa calculando a densidade no centro do núcleo da lente, também chamado central nuclear dip score (NDS).

Sete micronutrientes mostraram associação significativa com o NDS e foram usados nas análises multivariadas: potássio, magnésio, manganês, fósforo, vitamina C, E e folato. Após a regressão multivariada, somente a vitamina C mostrou associação com a progressão da catarata. A ingestão de vitamina C foi associada com risco 19% menor no baseline e com risco 33% menor de progressão da catarata. A ingestão de manganês foi associada a 20% de redução do risco de catarata no exame baseline.

O grupo de suplementos de micronutrientes mostrou associação significativa com o NDS. A ingestão leva a uma redução do risco de 18% no baseline. Não houve relação com progressão. Além disso o estudo encontrou que a progressão da catarata num período de 10 anos em gêmeos é influenciado por fatores genéticos que explicam 35% da variância.

O estudo também identificou a vitamina C como um micronutriente que afetou a progressão da catarata nuclear. Uma concentração significativa de ascorbato (presente na vitamina C) está presente no humor aquoso que banha o cristalino e pode reduzir os produtos de oxidação da lente, reduzindo o estresse oxidativo.

Conclusão

Apesar disso as conclusões de muitos estudos sobre os efeitos do ascorbato na catarata são inconsistentes e conflitantes. Além disso estudos são necessários para entender se a depleção de manganês é causa ou efeito na cataratogênese.

A dieta com ingesta de vitamina C e manganês, ambos os fatores associados ao estresse oxidativo, parecem influenciar no desenvolvimento da catarata e a vitamina C também influencia significativamente a progressão da catarata nuclear.

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